
O maior desastre aéreo no Brasil desde 2007 ganha novo fôlego na cobertura jornalística com o lançamento do documentário “81 segundos”, produção do g1 Campinas em parceria com a EPTV. A obra mergulha na queda do voo 2283 da Voepass, que deixou 62 mortos em Vinhedo(SP), e estreia no dia 6 de agosto no g1. A exibição em TV aberta ocorre no dia 8, logo após o Globo Repórter, nas cidades atendidas pela EPTV, afiliada da TV Globo. Em seguida, o conteúdo será disponibilizado no Globoplay.
Com 45 minutos de duração, o documentário apresenta uma abordagem humanizada e investigativa. Reúne entrevistas com familiares, áudios inéditos da tripulação, e uma entrevista exclusiva com um ex-funcionário da companhia aérea, que acompanhou a manutenção do ATR 72-500 horas antes da decolagem.
A produção expõe detalhes nunca antes revelados sobre o que antecedeu a tragédia — um retrato impactante de uma sucessão de falhas operacionais, técnicas e institucionais.
A dor que atravessa três estados
As gravações aconteceram em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde moravam muitos dos passageiros. Os depoimentos revelam como o luto se manifesta no cotidiano, nos objetos mantidos intactos e nas ausências que moldaram novas rotinas. Foram mais de 4 mil quilômetros percorridos em três meses de reportagem.
O documentário integra uma cobertura especial do g1 que homenageia as vítimas e detalha os desdobramentos da tragédia. As publicações começam no dia 4 de agosto, data que marca uma semana do primeiro aniversário do acidente, e incluem reportagens multimídia e infográficos interativos.
O que são os “81 segundos”
O título faz referência ao tempo que o avião levou do momento da perda total de controle até atingir o solo. Imagens captadas no dia do acidente mostram a aeronave em queda espiralada, compatível com uma situação de estol — perda da sustentação aerodinâmica.
Especialistas entrevistados apontaram a formação de gelo nas asas como um dos possíveis fatores para o colapso em voo.
Relatório preliminar do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), divulgado em setembro de 2024, revelou que a tripulação relatou falha no sistema antigelo. No entanto, os dados da caixa-preta não foram conclusivos quanto à influência desse defeito no desempenho da aeronave.
Além das questões técnicas, pilotos da empresa relataram jornadas exaustivas, contato durante folgas e condições de trabalho precárias. Passageiros também relataram experiências negativas com a companhia em redes sociais.
O acidente
O voo 2283 partiu de Cascavel (PR) rumo a Guarulhos (SP) com 58 passageiros e quatro tripulantes. Às 13h22, o avião perdeu cerca de 4 mil metros de altitude em pouco mais de um minuto, atingindo a área externa de uma residência no condomínio Recanto Florido, em Vinhedo. Ninguém em solo se feriu, mas todos a bordo morreram.
A Voepass foi convidada a participar do documentário, mas recusou entrevista. Em nota, a empresa afirmou que o acidente foi “o episódio mais difícil da sua história”, e que mantém suporte psicológico às famílias. Disse ainda que colabora com as investigações e reafirma o compromisso com a melhoria dos processos de segurança aérea.