
Duas chuvas de meteoros vão marcar a despedida de julho com um verdadeiro espetáculo celeste. Os fenômenos Alpha Capricornídeos e Delta Aquáridas do Sul devem atingir o auge na noite desta quarta-feira (30) e na madrugada de quinta (31), com visibilidade garantida em todo o território nacional — desde que as condições do céu sejam favoráveis.
Segundo o professor Carlos Eduardo Mariano, diretor do Polo Astronômico de Amparo, este é um dos momentos mais aguardados do ano por observadores do céu e entusiastas da astronomia.
“Essas duas chuvas serão bem visíveis, pois a lua não vai atrapalhar e a previsão para a noite é de céu limpo. Serão observáveis após o ocaso da lua, com início recomendado por volta das 23h”, explica.
Espectáculo visível a olho nu
As chuvas de meteoros ocorrem quando a Terra atravessa regiões do espaço onde há resíduos de matéria sólida deixados por cometas ou asteroides.
Esses detritos, ao entrarem na atmosfera, se incendeiam parcialmente, criando o fenômeno luminoso popularmente conhecido como estrela cadente.
No caso da Alpha Capricornídeos, o ponto de origem (chamado “radiante”) estará localizado na constelação de Capricórnio, e os meteoros poderão ser vistos mais intensamente por volta das 23h30, no alto do céu.
Já a Delta Aquáridas do Sul, mais intensa e veloz, terá o radiante na direção da constelação de Aquário, com meteoros surgindo a partir do horizonte leste.
“Esses meteoros são fragmentos com dimensões reduzidas, que são completamente consumidos na alta atmosfera. Não representam risco e nem chegam à superfície”, reforça Mariano.
Melhor experiência depende do local e do céu
Para que a experiência seja realmente impactante, o professor ressalta a importância de escolher locais afastados da poluição luminosa, como zonas rurais ou áreas menos urbanizadas.
“O céu precisa estar limpo e escuro. A lua cheia, por exemplo, atrapalha bastante, mas neste caso ela já terá se posto. A observação deve ser feita a olho nu — telescópios ou binóculos não ajudam, pois os meteoros cruzam rapidamente grandes áreas do céu”, orienta.
A estimativa é que seja possível ver alguns meteoros por hora, embora o número exato varie conforme a qualidade do céu. “A visão depende de fatores como umidade, nuvens, interferência de luz urbana e até da paciência do observador. É um fenômeno bonito, mas exige atenção e o ambiente certo”, completa.
Para os iniciantes que desejam identificar as constelações envolvidas, Mariano recomenda o uso de aplicativos gratuitos como Stellarium, Star Walk ou Sky Safari, que ajudam a localizar as regiões de onde os meteoros aparentam surgir.
Mais do que beleza: ciência e descoberta
Embora sejam muito apreciadas pelo público por sua beleza e caráter simbólico, as chuvas de meteoros também têm valor científico. Segundo o Observatório Nacional (ON), elas permitem estimar a quantidade e o período de maior incidência de detritos espaciais que cruzam a órbita terrestre.
Esses dados são relevantes para centros de controle de satélites e missões espaciais, pois contribuem na prevenção de danos a equipamentos em órbita da Terra e da Lua.
Além disso, o estudo dos meteoros ajuda a compreender a formação do Sistema Solar, já que parte desses fragmentos pode ter origem em cometas antigos ou até em impactos ocorridos na Lua e em Marte.
Para Mariano, o fenômeno continua a encantar porque une beleza, ciência e contemplação. “Tudo o que o observador precisa é de uma cadeirinha de praia, céu limpo e saber para onde olhar. Quando as condições são boas, o impacto visual é maravilhoso.”