
Os servidores públicos de Vinhedo entraram em greve nesta segunda-feira (19) após rejeitarem a proposta de reajuste de 5,4% apresentada pela Prefeitura, percentual que, segundo o governo municipal, recompõe integralmente a inflação acumulada no período. A paralisação foi aprovada em assembleia realizada na última quinta-feira (16), na Praça Sant’Ana, e deve durar ao menos dois dias, com nova mobilização prevista para esta terça-feira (20).
A categoria reivindica reajuste de 20%, além de itens como fornecimento de pão e café. O Executivo, por sua vez, classificou a demanda como “financeiramente inviável” e fora da realidade orçamentária do município, além de destoar, segundo nota oficial, “das práticas adotadas por cidades vizinhas”.
Protestos e sessão encerrada na Câmara
Na manhã desta segunda, os grevistas saíram em caminhada até a sede da Prefeitura. À tarde, o grupo se reuniu em frente ao Sindicato dos Servidores Públicos de Vinhedo (SSPV), na rua Aníbal Lélis de Miranda, de onde partiu com cartazes e carro de som em direção à Câmara Municipal. Participaram da mobilização as vereadoras Nayla de Souza (Vinhedo) e Mariana Janeiro (Jundiaí), que acompanharam os atos ao lado de lideranças sindicais.

Na Câmara, os manifestantes ocuparam o plenário durante a sessão ordinária. Gritos de protesto e aplausos interromperam falas e obrigaram o presidente da Casa, Márcio Melle, a suspender os trabalhos por dez minutos. Após tentativa frustrada de retomada, Melle encerrou a sessão, marcada para ser retomada nesta terça-feira, às 9h.
Com o esvaziamento do plenário, os servidores transformaram o local em palanque. Em clima de protesto, os vereadores Luiz Vieira e Nayla de Souza discursaram em apoio à greve e à campanha salarial da categoria. Após o ato, o grupo seguiu em caminhada até a Prefeitura, onde as manifestações continuaram.
Educação tem 90% de ausência nas escolas
O impacto da paralisação foi sentido com mais força na rede municipal de ensino. Segundo dados da própria Prefeitura, apenas 10,7% dos alunos compareceram às 29 unidades escolares afetadas pela greve. Cerca de 34% dos professores e 43% dos profissionais de apoio aderiram ao movimento.
A cidade tem, ao todo, 36 unidades educacionais, entre Centros de Educação Infantil (CEIs) e escolas de ensino fundamental. Em nota, a Secretaria de Educação afirmou que todas as unidades foram abertas a partir das 6h30 e que as equipes gestoras estavam preparadas para acolher pais e responsáveis. No entanto, em escolas com número insuficiente de servidores, os familiares foram orientados a levar as crianças de volta para casa.
O atendimento foi especialmente prejudicado nas unidades que atendem crianças pequenas, já que a legislação municipal prevê um número mínimo de adultos por aluno. “Estamos trabalhando com empenho para garantir a continuidade dos serviços educacionais, sempre priorizando o bem-estar dos alunos”, disse a pasta.
Serviços de saúde operam com restrições
A Prefeitura informou ainda que todas as unidades de saúde permaneceram abertas, mas houve remarcação de consultas e exames. A sala de vacina no Jardim Três Irmãos precisou ser fechada por falta de pessoal.
Prefeitura defende proposta e diz que serviços seguem ativos
Em nota oficial, a Administração destacou que o índice de 5,4% “reflete o compromisso com o equilíbrio fiscal” e que a paralisação teve baixa adesão, sem prejuízo generalizado aos serviços públicos. O governo também reforçou que não permitirá adesão parcial: servidores que não cumprirem integralmente a jornada terão o dia descontado.
Durante a manhã, a gestão municipal recebeu um grupo de servidores independentes que, segundo a nota, manifestaram apoio à proposta apresentada pelo Executivo.