Daniel Pavini, o Palhaço Duilho, se destaca na arte da palhaçaria
Foto: Pedro H. Lopes
Daniel Pavini, o Palhaço Duilho, se destaca na arte da palhaçaria

Daniel Pavini, 40 anos, conhecido artisticamente como Palhaço Duilho, é natural de São Bernardo do Campo, morador de Valinhos e trabalha em Vinhedo há mais de 15 anos. Ele se destaca na arte da palhaçaria e mantém presença ativa nos eventos culturais da cidade, assim como nas redes sociais, especialmente no Instagram, onde compartilha detalhes de sua programação cultural e espetáculos teatrais. Foi com o objetivo de mostrar o trabalho dessa carismática figura, que o portal iG Vinhedo realizou uma entrevista exclusiva com ele.

Carreira e Motivação

O que o inspirou a se tornar um palhaço?

Amigos de adolescência que eram "imunes" a passar vergonha sem dúvida foram inspiradores. Eu os observava e achava aquilo incrível, ainda mais porque eu era muito tímido. Meu avô Reinaldo, com o seu porão mágico (um lugar particular e cheio de cacarecos), meus tios Mauro e Rege, que sempre foram engraçados, e meu pai, que me mostrou como chegar e entrar em qualquer universo, também foram grandes influências.

Quando você descobriu que queria seguir essa profissão?

Fui descobrindo aos poucos, mas a primeira vez que aconteceu, algo forte despertou... E foi um acaso! Fui convidado a substituir um mímico sem nunca ter feito isso antes, mas o resultado foi tão positivo que parecia que eu já fazia aquilo.

Como foi o seu primeiro contato com a arte de ser palhaço?

Meu primeiro contato de fato aconteceu quando precisei substituir esse mímico. Sem experiência, aceitei o desafio e, ao final da apresentação, percebi que algo especial havia acontecido.

Existe algum palhaço ou artista que seja sua principal referência?

Dois artistas que me inspiram muito são Grock e Slava Polunin.

Rotina e Experiência

Como é sua rotina de trabalho?

Minha rotina se divide e se mistura: sou pai, palhaço e empreendedor!
Como pai, tenho minha rotina particular. Como palhaço, divido minha semana entre preparação física, criação, ensaios e apresentações. Como empreendedor, preciso planejar, vender, administrar e mais uma porção de outras coisas.

Que tipo de eventos você costuma participar?

Hoje em dia atuo mais em eventos e teatro, mas já tive experiências em muitos lugares, como casamentos, palestras, eventos corporativos, escolas, asilos... Até em cabaré já fiz palhaçaria!

Você trabalha sozinho ou faz parte de uma companhia?

Tenho trabalhos solo e também em grupos. No caso, faço parte de dois grupos: Os Trilsons e JazzClown.

Como você cria ou desenvolve os personagens e as performances?

Foto: Pedro H.Lopes
"Cada palhaço carrega suas próprias qualidades e habilidades únicas. A palhaçaria não se ensina, ela se desperta a partir do que já existe dentro de cada um", Daniel Pavini

Sempre prefiro trabalhar com a criação autoral. Acredito que dessa forma o artista se coloca à prova e traz para a sociedade algo único, com particularidades que só ele tem.

Desafios e Aprendizados

Quais são os maiores desafios de ser um palhaço nos dias de hoje?

Prefiro chamar de desafios (rsrs), e são muitos! Em geral, a arte ainda é consumida mais como entretenimento. Quando você tem um trabalho mais profundo e poético, ele nem sempre tem apelo comercial, o que dificulta todo o processo de produção, incluindo conquistar o público para prestigiar. Afinal, as pessoas gostam de famosos, não de artistas (essa frase não é minha).

Como você lida com situações inesperadas durante uma apresentação?

Lidar com o inesperado é dever de todo palhaço. Claro que nem sempre o resultado é o desejado, mas quando o palhaço está em pleno estado de jogo, tudo o que vem se transforma em material cênico. O palhaço não atua, ele é!

Qual foi o momento mais marcante ou emocionante da sua carreira?

Tenho tantos momentos emocionantes que só de lembrar meu coração se enche e os olhos transbordam... Mas vou citar um: no final da pandemia, fiz uma apresentação com a JazzClown, e ao final do show, uma senhora caminhou em minha direção com os braços e o sorriso trêmulos, olhos brilhantes, e me disse:

"Palhaço, você mudou meu dia... Eu estava na minha casa com depressão, resolvi descer até a praça e vejo tudo isso acontecer... Muito obrigado!"

Explodindo de alegria, segui a emoção que já estava escorrendo pelo olhar, e nos abraçamos fortemente por alguns eternos segundos.

Já enfrentou preconceitos ou estereótipos sobre a profissão? Como lidou com isso?

Sim, o palhaço muitas vezes é visto apenas como figura infantil ou algo cômico superficial, quando na verdade seu trabalho pode ser muito mais profundo. Procuro mostrar, por meio da minha arte, que o palhaço tem um papel essencial na sociedade.

Impacto e Emoção

Qual é a maior recompensa de ser um palhaço?

A recompensa está em cada momento de vida onde existe a troca! Pode ser em uma apresentação ou numa simples ida até a padaria. Um olhar verdadeiro e um "bom dia" para alguém que precisa ser visto com os olhos do coração já é muito!

Como você enxerga o impacto do humor e da arte do palhaço na vida das pessoas?

Cientificamente, já é comprovado que o riso cura! Minha confirmação vem pelo sentir das emoções. Quando nos propomos à palhaçaria, existe uma troca com o espaço e tudo que está ali. A atmosfera é modificada, talvez pela vibração energética que emitimos. Como estamos propondo coisas boas, a magia acontece!

Você acredita que o trabalho de palhaço pode ajudar em momentos difíceis, como na recuperação de pacientes ou em situações de vulnerabilidade?

Acredito sim! O palhaço pode ajudar muito como terapeuta. Mas também creio que, se ele não for um bom profissional, o efeito pode ser o oposto.

Técnicas e Treinamento

Que tipo de formação ou habilidades são essenciais para ser um bom palhaço?

Cada palhaço carrega suas próprias qualidades e habilidades únicas. A palhaçaria não se ensina, ela se desperta a partir do que já existe dentro de cada um.


Você já fez cursos ou treinamentos específicos? Se sim, quais foram os mais importantes?

Já fiz muitos cursos e workshops ao longo da minha carreira. Destaco um processo de retiro artístico, onde fiquei em um trabalho de imersão por 8 dias numa floresta encantadora em Ubatuba. Foi riquíssimo para muitos processos do meu palhaço; outro que valeu muito, foi o curso de mímica total, em São Paulo,  com o Luis Louis.

Como você desenvolve suas habilidades de improvisação?

A improvisação acontece quando você está entregue ao momento e o vive com intensidade. A partir daí, nasce uma oportunidade a cada olhar.

Curiosidades e Futuro

Há alguma história engraçada ou curiosa que você possa compartilhar?

Já atuei em tantos lugares diferentes que cada apresentação traz uma surpresa! Inclusive, já fiz palhaçaria até em um cabaré.

Quais são seus planos ou sonhos para o futuro como palhaço?

Para o futuro, escolho me dedicar e aperfeiçoar essa arte a cada dia!

Como você se prepara mentalmente e emocionalmente antes de uma apresentação?

Não sei bem como me preparo. Acho que estar consciente e entregue, em um estado relaxado, já é o bastante. Quem é artista sabe que esse lugar é difícil de acessar, e cada um tem o seu rito. 

Mensagem Final

Amo o que faço! Agradeço muito pela oportunidade de falar um pouco sobre minha história e a palhaçaria. Dedico este momento em especial aos meus pais, Pavini e Neide, minha esposa Renata e nossa filha Luna!

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