
A Lua cheia desta quarta-feira (5) promete um espetáculo no céu, visível em todo o Brasil, desde que as condições climáticas permitam . O fenômeno, popularmente chamado de superlua, acontece quando o satélite natural atinge a fase cheia próximo ao perigeu — ponto de maior aproximação com a Terra durante sua órbita. A olho nu, ela parece ligeiramente maior e mais brilhante que o habitual.
Segundo o professor de Astronomia e diretor do Polo Astronômico de Amparo, Carlos Eduardo Mariano, o termo “superlua” é mais popular que científico.
“É um tanto quanto exagerado, já que o tamanho aparente dela fica apenas 14% maior. Entre a lua cheia de hoje e a do mês que vem, a variação é pequena, o que a olho nu é praticamente imperceptível”, explica.
Fenômeno chama atenção, mas não traz efeitos práticos
O astrônomo reforça que, do ponto de vista prático, o fenômeno não traz alterações significativas. “As duas luas cheias — a de hoje e a próxima — estarão muito próximas da Terra e serão bem similares”, afirma.
Ele destaca também que a impressão de que a Lua parece maior ao nascer tem relação direta com a posição no horizonte. “Quando se observa a Lua perto do horizonte, ela sempre aparenta ficar maior. Isso é uma ilusão de ótica. Nosso cérebro enxerga maior porque há mais referências visuais, como prédios e árvores. Quando ela sobe e fica isolada no alto do céu, sem referências, parece menor”, explica.
A melhor visualização deve ocorrer ao entardecer. Em São Paulo, a Lua deve surgir por volta das 18h45, em Belém às 18h14 e no Recife às 17h28, conforme o fuso horário de cada região.
Não é necessário nenhum equipamento específico: a observação a olho nu é suficiente.
Experiência sugerida pelo astrônomo
Mariano propõe uma experiência simples para quem quiser testar a percepção.
“Vale observar a Lua quando ela nasce e depois de algumas horas. No horizonte, o cérebro tende a enxergar maior porque há mais referências. No alto do céu, como não há nada para comparar, ela parece menor, mesmo sendo do mesmo tamanho.”
Inspiração e ciência
Para o professor, a Lua cheia continua sendo uma fonte de encantamento. “É sempre legal observar a Lua cheia. Ela serve de inspiração para músicos, poetas e escritores”, comenta.
“Na Lua cheia, o Sol ilumina diretamente a face voltada para a Terra, o que faz desaparecer as sombras que revelam o relevo lunar. Por isso, apesar de ser a fase mais admirada a olho nu, ela não é a mais interessante do ponto de vista astronômico, já que a claridade intensa dificulta a observação de crateras, não sendo possível observar das formações da superfícia lunar. Além disso, o céu fica mais iluminado, o que atrapalha na visualização de outros astros.”
Mesmo assim, Mariano recomenda o olhar atento: “A olho nu ou com binóculo, vale a pena. É uma chance de reconectar com o céu, mesmo que o fenômeno em si seja simples.”