Mercado de brechós cresce e atrai consumidores da região

Sustentabilidade e preços acessíveis impulsionam expansão do setor; cidades do eixo Vinhedo-Louveira-Valinhos somam 39 negócios

A maioria dos brechós é composta por MEIs
Foto: Foto: Pedro H. Lopes
A maioria dos brechós é composta por MEIs
{!$sinalizador_ad$!}

O mercado de brechós vem ganhando destaque em todo o país, com consumo de itens usados em alta – movimento que ocorre também nas regiões de Campinas e Piracicaba . Juntas, as cidades somam 675 pequenos negócios do setor, além das vizinhas Americana e Limeira.

Conforme pesquisa realizada pelo Sebrae-SP, a maioria dos brechós na região é composta por microempreendedores individuais (MEIs), com 470 negócios nessa categoria. Na sequência, há 183 negócios na categoria microempresa (ME) e outras 22 que são empresas de pequeno porte (EPP).

Expansão chega a Vinhedo, Louveira e Valinhos

Na Região Metropolitana de Campinas, o movimento também alcança cidades vizinhas como Vinhedo, Louveira e Valinhos. De acordo com dados do Mapa de Empresas do Governo Federal, até julho de 2025, os três municípios juntos somavam 39 brechós formalizados. Em Louveira são 6 negócios, sendo 5 MEIs e 1 microempresa. Valinhos reúne 17 brechós, com 13 MEIs e 4 MEs. Já Vinhedo registra 16, com 12 MEIs e 4 MEs.

O levantamento analisou ainda o comportamento de compra dos consumidores que frequentam os brechós. O estudo mostra que os principais motivos que levam o público a optar por esse tipo de comércio vão desde o preço mais baixo até a sustentabilidade aliada ao consumo consciente – tendências que crescem a cada ano.

“O aumento na procura por brechós é reflexo direto da busca por consumo consciente, economia e autenticidade. Temos observado um público cada vez mais jovem e engajado, que valoriza peças únicas, sustentabilidade e propósito na hora de comprar”, afirma a analista de negócios do Sebrae-SP, Évelly Moraes.

Experiência de consumo

A jornalista Amanda Reis, de Amparo, é uma das consumidoras fiéis de brechós e destaca que a experiência de compra é muito diferente de uma loja convencional.

“Além de preços mais acessíveis e da contribuição ao consumo sustentável, já que muitas peças são de segunda mão e ainda têm vida útil, o ato de garimpar torna tudo especial, despertando memórias afetivas e trazendo a chance de encontrar desde itens vintage até opções para ocasiões específicas, como festas ou eventos temáticos.”

Deborah Maria Cintra Vilela Loureiro é fundadora e diretora do Brechó La Première, de Piracicaba. O negócio começou há 10 anos em um espaço pequeno, mas hoje conta com loja física e online, com clientes por todo país.

“Trabalhamos com roupas, calçados e acessórios femininos, com destaque para peças modernas, atuais e com marcas renomadas. Nosso foco vai além da venda: buscamos oferecer uma experiência de boutique, com atendimento humanizado, araras de novidades todos os dias e uma curadoria que valoriza peças únicas, bem cuidadas e com estilo.”

Ela afirma que o mercado de brechós vive atualmente um “momento de ouro”. “O consumo consciente deixou de ser só tendência e se tornou realidade, especialmente entre mulheres que querem se vestir bem, com estilo, sem abrir mão da economia e da sustentabilidade.”

Diversão e economia

Amanda Reis compartilha dicas para os consumidores que querem começar a explorar esse universo: entender a diferença entre bazar e brechó, mapear estabelecimentos na região para fortalecer o comércio local, reservar tempo para garimpar e negociar preços, além de considerar reparos e customizações que permitem adaptar as peças ao estilo de cada um. “Comprar em brechó é divertido, econômico e único”, afirma.

A empresária Raissa Specian, de Campinas, consumidora assídua de brechós, considera que tem vantagem no valor da peça usada em comparação com uma nova, já que ela custaria bem mais.

“Às vezes, é apenas uma peça para teste, ou provisória, então me sinto melhor pagando menos. Eu gosto de brechós com curadorias de qualidade e com foco na conservação.”


Pesquisa estadual do Sebrae-SP

A pesquisa Brechós 2025 foi elaborada a partir de duas sondagens: a primeira apresenta as estatísticas que caracterizam o varejo de produtos usados no estado de São Paulo.

Já a segunda mostra os resultados de campo com 400 consumidores de brechós, com coleta de dados realizada entre os dias 23 de abril e 4 de maio de 2025.

Segundo os dados, São Paulo conta com 7.348 pequenos negócios no comércio varejista de produtos usados, sendo 5.211 (71%) MEIs. Tendências como sustentabilidade e consumo consciente têm estimulado o crescimento deste mercado, que registra gastos médios de R$ 50 a R$ 100 por cliente.

Entre os itens mais procurados estão roupas masculinas (51%), roupas femininas (50%), calçados (46%), acessórios do vestuário, como bolsas, bijuterias e óculos (43%), além de roupas de grife (42%). Os principais motivos que levam os consumidores a comprarem em brechós são os preços mais baixos (71%), a qualidade dos produtos (45%) e a sustentabilidade (43%).

Em relação à frequência, 32% dos entrevistados compram em brechós a cada dois meses – em média seis vezes ao ano. Outros 22% compram uma vez por semestre. O levantamento mostra ainda que 84% dos consumidores preferem brechós físicos, enquanto os online aparecem com 40% da preferência.