
A Câmara Municipal de Vinhedo recebeu nesta terça-feira (9) a Comissão de Intervenção que administra a Santa Casa desde junho. O encontro, promovido pela Comissão de Finanças e Orçamento (CFO) formada pelos vereadores Rodrigo Luglio, presidente , Tiago de Paula, relator e Nilton do Foto Nelson, membro, marcou os primeiros 75 dias da intervenção e apresentou resultados como a economia de cerca de R$ 1 milhão por mês, renegociação de contratos e retomada de cirurgias eletivas.
A comissão é formada pela vice-prefeita e secretária de assistência social, Cris Mazon, pelo secretário de Saúde, Milton Riboli, pelo secretário de Justiça, Carlos Augusto Filippetti Júnior, pelo secretário de Finanças e Economia, Rodolfo Pieri, Francisco Albino, presidente do conselho de saúde, Amada e Adriano, da Irmandade, além da Dra. Ana- Assessoria jurídica, Elaine, coordenadora de gestão, Claudemir, diretor financeiro.
A reunião contou com a presença do prefeito Dario Pacheco; os vereadores: Marcio Melle, presidente da Câmara, Diego Henrique, Inês Diogo, Lucas Martins, Nayla de Souza, Paulinho Palmeira e Rubens Nunes.
Segundo o presidente da CFO, vereador Rodrigo Luglio, o objetivo foi “entender melhor a intervenção, o que está sendo feito, o que foi diagnosticado e quais os projetos”. Ele ressaltou que a Santa Casa é o único hospital do município e “sempre terá total apoio” do Legislativo.
Reestruturação e auditoria
Cris Mazon explicou que a intervenção se apoia em três pilares: gestão profissional, valorização de colaboradores e transparência. Uma auditoria independente vai revisar as contas de janeiro a julho de 2025 para validar o diagnóstico financeiro.

Foram criadas três diretorias para acelerar os processos: gestão de assistência, administrativa e financeira. Entre os avanços, estão o retorno da cozinha própria, a regularização da folha de pagamento e a revisão de escalas médicas.
Nos 75 dias de intervenção na Santa Casa, a equipe apresentou indicadores assistenciais que mostram evolução no atendimento à população.
Em julho, foram registrados 195 atendimentos, enquanto em agosto esse número subiu para 231, reflexo da demanda acumulada pela Secretaria de Saúde, que tinha cerca de 400 atendimentos represados.
As cirurgias de urgência também aumentaram, passando de 157 em julho para 170 em agosto. A ocupação dos leitos manteve média de 43 a 45 internações por mês, e exames de gastroenterologia variaram entre 53 e 55 procedimentos, com pacientes acima de 70 anos agora internados para preparo, garantindo mais segurança e acompanhamento.
No total, os atendimentos gerais caíram ligeiramente, de 9.909 em julho para 9.410 em agosto, mantendo uma média diária de 448 atendimentos. A intervenção reforça que o pronto-socorro da Santa Casa precisa ser repensado: o hospital deve assumir papel estratégico dentro do sistema de saúde do município, atendendo principalmente pacientes de média e alta complexidade encaminhados da UPA, e não como porta aberta para toda demanda.
Economia e renegociação de contratos
Um dos pontos destacados foi a redução de custos. A folha de pagamento caiu de R$ 1,77 milhão em junho (503 funcionários) para R$ 1,70 milhão em agosto (468 funcionários).
Equipes médicas foram readequadas, a renegociação de exames invasivos reduziu em 20% os valores pagos.
A cozinha, que custava R$ 334 mil por mês, passou a R$ 250 mil. Houve ainda cortes em contratos de serviços, como um de assessoria jurídica (R$ 135 mil para R$ 33 mil) e o do site da instituição (de R$ 2,8 mil para R$ 500).
Apesar da economia, o passivo da Santa Casa segue alto. Sete meses sem repasse geraram dívidas com o sindicato de R$ 749 mil, além de atrasos com diversos fornecedores. Bloqueios judiciais também atingem rotineiramente as contas da instituição.
Investimentos e desafios
A comissão destacou a necessidade de readequar a UTI. O estudo prevê ampliar o número de leitos ou investir em nova estrutura, o que permitiria habilitação pelo Ministério da Saúde e ressarcimento SUS em procedimentos de maior complexidade.
A infraestrutura também passa por ajustes: equipamentos como autoclave, colonoscópio e raio-X foram consertados. Há ainda planos de mutirões de cirurgias a partir de outubro, além de campanhas no Outubro Rosa e Novembro Azul.
No campo financeiro, até agosto já haviam sido repassados R$ 38,9 milhões do convênio com a Prefeitura, cerca de 82% do valor anual previsto. Para fechar o ano, será necessário suplementar aproximadamente R$ 5 milhões.
O presidente da CFO, Rodrigo Luglio, afirmou que o Legislativo seguirá acompanhando o processo. “Pela primeira vez tivemos acesso transparente aos números. São 75 dias de trabalho com R$ 1 milhão de economia mensal. Isso projeta até R$ 12 milhões em um ano. A população merece um atendimento de qualidade e a Santa Casa passa por uma transformação para melhor”, disse.