Tombo da Polenta é destaque na 111ª Festa de Sant´Ana

Tradição italiana encerra festa da padroeira de Vinhedo com emoção e sabor

Tomba da Polenta foi atração no último dia de festa no Parque Municipal
Foto: Foto: Pedro H. Lopes
Tomba da Polenta foi atração no último dia de festa no Parque Municipal

Um caldeirão gigante, braços fortes e fubá em abundância marcaram o encerramento da 111ª Festa de Sant’Ana , padroeira de Vinhedo , celebrada neste fim de semana no Parque Municipal Jayme Ferragut. Organizado pela Paróquia Sant’Ana , com apoio da Associação Italiana Vinhedense e da Associação Cultural Ítalo-Brasileira de Valinhos, o evento uniu fé, cultura e gastronomia com o tradicional “Tombo da Polenta” , uma das manifestações mais simbólicas da imigração italiana no Brasil .

Realizado no domingo (3), o ritual do “tombo” envolveu a produção de meia tonelada de polenta, preparada em uma panela imensa, mexida sem parar por quatro horas.

Às 9h30, os organizadores já estavam reunidos, girando os enormes mexedores de madeira para garantir a consistência ideal. No fim da manhã, em um momento coreografado e coletivo, o alimento foi virado de uma só vez em um grande recipiente e servido ao público.

Tradição familiar e celebração comunitária

A preparação remete a antigas tradições familiares italianas, nas quais a polenta era feita pelas “nonas” (avós) para alimentar grandes grupos. “O ‘tombo’ é um resgate à cidadania italiana. Meu bisavô, vindo de Milão, fazia isso com minha bisavó para toda a família”, contou emocionado José Carlos Buen, colaborador da Associação Cultural Ítalo-Brasileira de Valinhos.

O “Tombo da Polenta” representa um reencontro com a história, a identidade e os valores de união da comunidade vinhedense
Foto: Foto: Pedro H. Lopes
O “Tombo da Polenta” representa um reencontro com a história, a identidade e os valores de união da comunidade vinhedense


Além da polenta, o cardápio incluiu frango frito, massas, pastéis, doces e chope artesanal, reforçando o espírito de partilha da festa. Durante os dias de programação, o público também aproveitou shows ao vivo, feira de artesanato, espaço kids, quermesse tradicional e ambiente pet friendly, com entrada e estacionamento gratuitos.

A festa contou com a presença do prefeito Dario Pacheco (PSD), da primeira-dama Maria Helena, e dos vereadores Marcio Melle (PSD), presidente da Câmara, Paulinho Palmeira (PSD), Nilton Braghetto (PRD) e Luiz Vieira (Rede), que também é voluntário da paróquia.

Valinhos reconhece o valor do “tombo”

Enquanto em Vinhedo a tradição se fortalece a cada edição, em Valinhos ela foi recentemente oficializada. Em março deste ano, a Câmara Municipal aprovou por unanimidade o projeto de lei que reconhece o “Tombo da Polenta” como Patrimônio Cultural e Imaterial da cidade.

A proposta foi apresentada pelo vereador Rafa Marques (PL), com apoio dos colegas Edson Secafim (PL), Vagner Alves (Republicanos) e Kiko Beloni (Cidadania).

“O Tombo da Polenta é uma tradição que precisamos levar para outras cidades, outros estados. Valoriza nossa cultura”, defendeu Rafa Marques. Criado originalmente pela Paróquia São Cristóvão, o evento tem dez anos de história e se consolidou como um dos pontos altos da Festa do Figo de Valinhos. “Sem o tombo, não é mais a Festa do Figo”, resumiu o vereador Rodrigo Fagnani Popó (Republicanos).

A repercussão da atração atravessa fronteiras regionais. “Quando falamos que somos de Valinhos, as pessoas já reconhecem: é a cidade do Tombo da Polenta”, disse Thiago Samasso (PSD).


Cultura, fé e pertencimento

De volta à Festa de Sant’Ana, o encerramento também contou com apresentação do grupo folclórico La Bella Tarantella, que encantou crianças e adultos com danças típicas do sul da Itália.

“A festa foi maravilhosa. Conseguimos unir o religioso com o cultural, e o resultado foi emocionante”, avaliou Julliano Gasparini, presidente da Associação Italiana Vinhedense.

Mais do que uma celebração gastronômica, o “Tombo da Polenta” representou um reencontro com a história, a identidade e os valores de união da comunidade vinhedense e regional. E mostrou que manter viva a tradição é, também, um ato de fé.