
Parece ficção científica , mas já é realidade : um novo procedimento cirúrgico permite o alongamento ósseo automatizado , sem manivelas, dor intensa ou ajustes manuais. A técnica, usada para tratar deformidades, diferenças no comprimento das pernas e até casos de nanismo, utiliza uma haste eletrônica implantada no osso, que se expande gradualmente com a ajuda de um controle remoto externo. O crescimento pode chegar a 8 centímetros ao fim do tratamento.
O sistema, conhecido como FITBONE™, já foi aplicado com sucesso em uma paciente brasileira e representa um marco na ortopedia moderna. Quem explica como funciona o procedimento é o cirurgião ortopédico e traumatologista Everson de Oliveira Giriboni, especialista na técnica.

O que é essa técnica de alongamento ósseo com controle eletrônico?
É um sistema automatizado que permite o crescimento gradual do osso — fêmur ou tíbia — com controle externo. O paciente aciona um dispositivo que estimula a haste interna, fazendo o osso se expandir sem dor e com muito mais precisão.
Serve apenas para quem tem nanismo ou também em casos clínicos?
Ela pode ser usada para corrigir deformidades ósseas, diferença de comprimento entre as pernas e também para objetivos estéticos, em casos cuidadosamente avaliados por um especialista.
Como essa haste é implantada no corpo?
Ela é inserida no canal medular do osso por meio de uma incisão pequena, de até 3 cm, e fixada com parafusos. A partir daí, o crescimento do osso é controlado externamente.
O que o paciente faz em casa?
O paciente posiciona o controle sobre a pele, no local indicado, e aciona os impulsos. Isso é feito até três vezes ao dia, gerando um crescimento de até 1 milímetro por dia.
Existe um limite para esse crescimento?
Sim. Em média, o procedimento permite até 8 centímetros de crescimento por osso, mas isso depende da anatomia e da resposta de cada paciente.
É doloroso?
Não como os métodos convencionais. Por ser eletrônico e mais controlado, há menos dor e menor tração nas estruturas internas. Tudo é acompanhado com radiografias semanais.
O que acontece com os músculos e nervos durante o processo?
Eles também se adaptam. Músculos, tendões, vasos sanguíneos e nervos acompanham gradualmente o crescimento do osso, desde que o processo seja bem monitorado.
Quais são as etapas do tratamento?
São quatro: cirurgia, distração (fase do alongamento), consolidação (quando o novo osso se fortalece) e remodelação. A haste é retirada entre 12 e 18 meses após o procedimento.
Quais os cuidados necessários?
É essencial o acompanhamento médico, uso correto do controle externo e monitoramento por imagem. A técnica é segura quando realizada por equipe especializada.
Esse método representa um avanço na medicina brasileira?
Com certeza. É um divisor de águas na ortopedia. Além de ser menos invasivo, oferece mais conforto e autonomia ao paciente, com um resultado muito mais preciso.