Gripe volta a ameaçar idosos e exige atenção à vacinação

Influenza supera covid-19 como principal causa de SRAG em maiores de 60 anos; fisioterapia respiratória e prevenção são cruciais para conter avanço

Vírus influenza é a principal causa de morte por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre pessoas com 60 anos ou mais
Foto: Imagem: Freepik
Vírus influenza é a principal causa de morte por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre pessoas com 60 anos ou mais

Com a chegada do tempo seco e frio , o vírus da gripe voltou a figurar entre os principais inimigos da saúde pública no Brasil — sobretudo entre os idosos. Segundo o boletim InfoGripe, da Fiocruz, divulgado em maio, o vírus influenza ultrapassou a covid-19 como principal causa de morte por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre pessoas com 60 anos ou mais , acendendo um alerta vermelho para familiares, cuidadores e profissionais da saúde.

Mesmo com a oferta gratuita da vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a cobertura vacinal entre os idosos ainda está abaixo da meta de 90% recomendada pelo Ministério da Saúde. Especialistas ressaltam que a imunização é apenas uma das frentes no combate à gripe. A fisioterapia respiratória, os cuidados com a hidratação e a atenção redobrada com sintomas discretos são essenciais para garantir uma recuperação segura e evitar complicações como pneumonia, insuficiência respiratória e até quedas domésticas.

Para entender como proteger esse grupo de risco e como atuar nos casos em que a doença já se instalou, conversamos com três especialistas das áreas de fisioterapia, medicina e enfermagem. A seguir, elas explicam por que o vírus é tão perigoso na terceira idade — e o que pode ser feito para minimizar seus efeitos.


“Influenza compromete a função pulmonar e exige recuperação direcionada”

Fisioterapia respiratória previne complicações como pneumonia, sinusite e insuficiência respiratória
Foto: FOTO: Arquivo Pessoal
Fisioterapia respiratória previne complicações como pneumonia, sinusite e insuficiência respiratória

Entrevista com Alice Lisboa, fisioterapeuta e coordenadora do curso de Fisioterapia da Unimetrocamp Wyden

Qual é o impacto da gripe na saúde pulmonar dos idosos?
A influenza compromete a função pulmonar ao aumentar a produção de secreções e causar inflamação nas vias respiratórias. Isso prejudica a troca gasosa e exige atenção especial em idosos, cujo sistema respiratório já é naturalmente mais comprometido.

Como a fisioterapia respiratória pode ajudar na recuperação?
Ela atua com técnicas como higiene brônquica, reexpansão pulmonar e exercícios respiratórios, que restauram e otimizam a função pulmonar. Além disso, prevenimos complicações como pneumonia, sinusite e insuficiência respiratória.

Por que os idosos são mais vulneráveis?
Eles têm menor elasticidade pulmonar, perda de massa muscular e deficiências nos mecanismos de defesa. Comorbidades como diabetes e doenças cardíacas dificultam ainda mais a recuperação e a resposta imunológica.

Que sinais indicam a necessidade de procurar um fisioterapeuta?
Acúmulo de secreção, falta de ar intensa, histórico de doenças respiratórias ou queda na capacidade pulmonar são sinais importantes. O acompanhamento especializado pode ser decisivo para a recuperação.

“A vacinação ainda é a principal arma contra o vírus”
Entrevista com Silvia Fonseca, médica infectologista e docente do Idomed (Instituto de Educação Médica)

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Vírus influenza pode evoluir rapidamente, principalmente em idosos

Por que ainda há resistência à vacinação contra a gripe?
Existe uma percepção equivocada de que a gripe é leve. Mas o vírus influenza pode evoluir rapidamente, principalmente em idosos, para quadros graves de insuficiência respiratória e internações.

Como funciona a composição da vacina?
Ela é atualizada anualmente, conforme as cepas que circulam no hemisfério sul. Por isso, é essencial tomar a dose todo ano — sem isso, a proteção simplesmente deixa de existir.


A baixa cobertura vacinal entre os idosos preocupa?
Sim, muito. O índice ainda está abaixo do ideal em várias regiões, inclusive no Sudeste. Isso agrava os casos de SRAG e aumenta o número de óbitos, que são evitáveis com prevenção adequada.

“A gripe no idoso pode evoluir sem febre e causar internações”

Entrevista com Tauana Mattar, professora do curso de Enfermagem da Wyden

Quais sintomas devem chamar a atenção em idosos com gripe?
Nem sempre há febre alta. Muitas vezes, o quadro é silencioso no início, mas pode evoluir para pneumonia, que é uma das maiores causas de internação entre idosos com doenças respiratórias.

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'Nem sempre há febre alta. Muitas vezes, o quadro é silencioso no início', Tauana Mattar

Que medidas de prevenção devem ser reforçadas no inverno?
Lavar bem as mãos, usar álcool em gel, manter ambientes ventilados e evitar contato com pessoas gripadas são práticas básicas. Também é importante manter uma boa alimentação e hidratação.

Quais cuidados domiciliares ajudam a evitar complicações?
Estimular a ingestão de líquidos, realizar exercícios respiratórios orientados, evitar aglomerações e ficar atento a qualquer sinal de agravamento, como falta de ar ou confusão mental.