
A busca por alívio rápido para dores, desconfortos ou sintomas passageiros tem levado muitas pessoas a um hábito perigoso: a automedicação . Embora pareça uma solução inofensiva, o uso de medicamentos sem orientação médica pode causar danos graves à saúde — e, em casos extremos, ser fatal. O alerta é do Dr. Omar Abbas, coordenador do Pronto-Socorro da Santa Casa de Vinhedo , clínico geral, geriatra e gerente dos médicos da unidade.
Esse risco se aplica a todos os tipos de remédios, inclusive os chamados naturais?
Sim. Muitos acreditam que fitoterápicos são apenas “ervas” e, portanto, inofensivos. Mas não é verdade. Já atendi casos de hepatite medicamentosa causada por chás ou extratos fitoterápicos usados sem controle.
O senhor também alerta para os famosos “chás para emagrecer”. Por quê?
Porque são vendidos como soluções milagrosas, com campanhas publicitárias atraentes, mas podem causar danos irreversíveis ao fígado e aos rins. Muitas vezes, não têm qualquer comprovação científica de eficácia ou segurança.
Um hábito comum é tomar remédio indicado por conhecidos. Isso é perigoso?
Muito. Tomar o remédio da vizinha ou da comadre porque fez bem para ela é um erro grave. Cada organismo reage de forma diferente. Só o médico, após exames e avaliação clínica, pode indicar a dose certa e o tratamento adequado para cada paciente.

Além da ineficácia, que outras consequências a automedicação pode trazer?
Ela pode mascarar sintomas importantes, atrasando o diagnóstico correto. Também aumenta o risco de reações alérgicas, intoxicações e interações medicamentosas perigosas — inclusive com remédios de venda livre.
E quanto aos antibióticos?
O uso indiscriminado de antibióticos é um problema seríssimo. Pode gerar resistência bacteriana, o que significa que, no futuro, esses medicamentos podem não funcionar mais, mesmo em casos simples de infecção.
Quais órgãos podem ser afetados pela automedicação?
Fígado, rins, estômago e intestinos são os mais vulneráveis. O uso incorreto de medicamentos pode causar lesões nesses órgãos e comprometer suas funções de forma irreversível.
Existe risco real de morte por automedicação?
Sim. Infelizmente, é uma possibilidade real, principalmente quando há doenças pré-existentes ou quando os medicamentos são usados de forma errada por longos períodos.
Que orientações o senhor deixa para quem toma remédios por conta própria?
Sempre consulte um médico. Siga corretamente a prescrição — dose, forma de uso e tempo de tratamento. Nunca compartilhe medicamentos com outras pessoas. E, principalmente, desconfie de receitas milagrosas divulgadas na internet ou em redes sociais.