Voepass solicita reestruturação financeira após tragédia aérea

Companhia pede tutela preparatória para reorganizar dívidas e garantir a continuidade das operações; desastre em agosto impactou planejamento financeiro

Avião ATR-72, da Voepass
Foto: Foto: Voepass/ Divulgação
Avião ATR-72, da Voepass

A Voepass Linhas Aéreas , com sede em Ribeirão Preto (SP), entrou com um pedido de reestruturação financeira na Justiça nesta segunda-feira (3). A empresa busca reorganizar suas contas após enfrentar dificuldades orçamentárias decorrentes do acidente aéreo ocorrido em Vinhedo , em agosto de 2024, que resultou na morte de 62 pessoas.

Em comunicado, a companhia destacou que o processo não afeta a operação das rotas atuais nem a comercialização de passagens, que continuam normalmente. Além disso, a medida não inclui indenizações relacionadas ao acidente — sob responsabilidade de uma seguradora — e nem compromete o pagamento de salários dos funcionários.

Ajustes estratégicos

Nos últimos meses, a Voepass já vinha promovendo mudanças operacionais para ajustar sua estrutura financeira. Em setembro, a empresa realizou alterações na diretoria, e em outubro encerrou voos para o Sul do país.

Apesar dos desafios enfrentados pelo setor aéreo desde a pandemia de Covid-19, a Voepass afirmou que mantinha estabilidade financeira até 2024, quando o desastre de Vinhedo impactou diretamente seu planejamento. Segundo a companhia, a reestruturação visa fortalecer sua capacidade de honrar compromissos com passageiros, colaboradores e credores.

Investigação do acidente

A queda do ATR-72 da Voepass, em Vinhedo, no dia 9 de agosto, foi o maior acidente aéreo no Brasil desde a tragédia da TAM, em 2007. O voo partiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) e perdeu contato com os radares às 13h22, sem que houvesse registro de chamada de emergência ou relato de condições meteorológicas adversas.


Um relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), divulgado em setembro, apontou que os pilotos mencionaram um problema no sistema de proteção contra gelo logo no início do voo. As investigações analisam como a formação severa de gelo pode ter influenciado o desempenho da aeronave e a atuação da tripulação.

A Voepass ressaltou que a documentação do avião estava regular e que apenas o relatório final poderá esclarecer definitivamente as causas do acidente.