O câncer de pele é o tipo mais comum no Brasil , representando cerca de 30% de todos os casos diagnosticados no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Embora tenha altas chances de cura , o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso no tratamento.
A doença pode se manifestar em diferentes formas, como o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular, considerados os tipos mais comuns. Já o melanoma, mais raro e agressivo, requer atenção especial devido à sua capacidade de se espalhar rapidamente pelo organismo.
Dra. Nathalia Kafka, clínica geral da Santa Casa de Vinhedo, que realiza especialização em dermatologia, em entrevista ao portal iG Vinhedo, falou sobre os cuidados com a pele, prevenção e a importância de consultar um especialista ao menor sinal de dúvida.
Por que é tão importante cuidar da pele?
A pele é um órgão vital. Sempre digo aos meus pacientes que devemos cuidar dela como cuidamos do coração. Embora a exposição ao sol seja necessária no dia a dia, ela precisa ocorrer nos horários certos. Recomendo evitar o sol das 11h às 15h30. O excesso de exposição solar, sem proteção, causa danos cumulativos que podem levar ao surgimento de lesões e até câncer cutâneo.
Como saber se é hora de procurar um médico?
Utilizamos a regrinha ABCDE, que ajuda a identificar lesões suspeitas:
A: Assimetria
B: Bordas irregulares
C: Cor com vários tons, especialmente amarronzados
D: Diâmetro maior que 6 mm
E: Evolução, como mudança de tamanho, coloração, sangramento ou secreção
Se perceber qualquer um desses sinais, é fundamental consultar um dermatologista.
Quais são os tipos de câncer de pele?
Os principais são: Carcinoma basocelular (CBC); carcinoma espinocelular (CEC) e melanoma.
Qual deles é o mais perigoso?
O melanoma é, sem dúvida, o mais perigoso. Ele começa na pele, mas pode se espalhar para outros órgãos. Infelizmente, já presenciei óbitos devido ao melanoma. O que mais preocupa é que o câncer de pele ainda é subnotificado. Muitos idosos aqui em Vinhedo acreditam que suas lesões são “manchas de velhice”, mas, na verdade, podem ser sinais de algo mais grave.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico ocorre durante a consulta dermatológica, por meio da dermatoscopia. Usamos um aparelho chamado dermatoscópio, que funciona como um microscópio com luz polarizada e luz azul de Wood. Se algo chama atenção, realizamos uma biópsia, retirando um fragmento da pele para análise histopatológica. Recomendo que esse exame seja feito anualmente.
E como prevenir o câncer de pele?
Usar roupas com proteção UV, chapéus e bonés.
Aplicar protetor solar corretamente — não basta passar apenas uma vez ao dia.
Evitar a exposição solar intensa e fugir do bronzeamento artificial.
“Hoje em dia, existem opções práticas, como protetores em cápsulas, muito populares entre idosos, e protetores em spray, que as crianças adoram”, finaliza.
A contribuição dos exames genéticos
Pessoas com histórico familiar de melanoma têm risco maior de desenvolver a doença devido a mutações genéticas herdadas que comprometem a proteção da pele contra os raios solares. Nesse contexto, os exames genéticos têm se mostrado aliados importantes na prevenção e detecção precoce.
“Se alguém da família foi diagnosticado com melanoma, o risco de desenvolvimento dessa condição pode ser maior, e os exames genéticos podem ajudar a identificar pessoas com maior predisposição”, explica Rafael Malagoli, CEO da Bioma Genetics.
As mutações genéticas podem afetar o reparo do DNA e o controle do crescimento celular, aumentando o risco de câncer. O Painel de Câncer Germinativo, da Bioma Genetics, por exemplo, é capaz de mapear mutações em 144 genes relacionados a diversos tipos de câncer, incluindo o melanoma.
Segundo Malagoli, “algumas pessoas possuem características genéticas que aumentam o risco de desenvolver determinados tipos de câncer. Essas características podem ser herdadas, configurando o que chamamos de câncer hereditário”. Ainda assim, a predisposição genética não garante que a doença irá se manifestar, já que fatores ambientais, como exposição ao sol, também influenciam.
Diagnóstico precoce salva vidas
O acompanhamento médico regular e a realização de exames específicos, como biópsias de pele e dermatoscopia, são indicados para quem tem histórico familiar de melanoma. Além disso, ferramentas modernas como a Metodologia NGS permitem mapeamentos genéticos precisos, auxiliando na identificação de variantes associadas ao câncer.
Com o diagnóstico precoce, o melanoma tem altas chances de cura. O tratamento é mais eficaz quando a doença é identificada nos estágios iniciais, evitando a disseminação para outros órgãos.
Prevenção ainda é o melhor caminho
Apesar dos avanços na tecnologia médica, que fortalecem ainda mais a luta contra o câncer de pele, especialmente entre aqueles com maior predisposição genética, a prevenção continua sendo a principal estratégia. De acordo com a dra. Nathália, "os exames genéticos são interessantes e por mais que exista predisposição genética, o principal motivo de câncer de pele é exposição solar. Mudar os hábitos é a melhor maneira de mudar o futuro e desfecho com a doença".
A conscientização sobre os sinais da doença, a adoção de hábitos preventivos e o acompanhamento médico são cruciais para a saúde da pele.